Hoje eu tenho uma festa pra ir. Estou bastante animada, prova disso é que minha pele está um lixo.
Confesso que não estou tomando o citalopran que a minha médica receitou para controlar a ansiedade e nem fazendo terapia no momento.
Cuidado com a pele
No réveillon a minha única promessa foi cuidar bem da minha pele. Logo em janeiro eu já marquei dermatologista, psicóloga e psiquiatra para me acompanharem na minha saga. A minha dermato é PERFEITA, a pele dela é linda e ela sabia de cara o que eu tinha (o que é raro de acontecer), só que a psiquiatra e psicóloga não deram a devida atenção.
Eu mesma acho que deveria ter persistido mais na terapia mas eu, como estudante de psicologia, fui obrigada a largar a minha psicóloga quando, ao dizer que eu cutucava a minha pele, me afirmou sem nenhum outro conhecimento que aquilo era CULPA. Ora, mesmo se fosse, eu não dei informação suficiente para ela afirmar isso com tanta certeza.
Acredito que o mais difícil da doença é justamente essa necessidade da ajuda do outro. Eu, pelo menos, não consigo tirar da cabeça que o médico é uma pessoa como qualquer outra e fico extremamente constrangida quando preciso mostrar minha pele para algum.
Os médicos
Sempre procurei dermatologistas para acabar com as "bolinhas" no meu braço. O maior problema é que é muito difícil assumir que tem essa doença, por isso eu sempre mentia: falava que era uma alergia ou que eu coçava inconscientemente.
Como moro em uma cidade muito pequena, nas primeiras vezes os médicos só passavam creminhos para aliviar a coceira (que nem existia de verdade) e ficava por isso mesmo.
Em 2008 eu fiquei sabendo de uma médica que veio para a minha cidade que era da capital e que sabia muito mais do que qualquer um que tinha aqui. Fui correndo nela e decidi falar a verdade. Contei pra ela que eu me machucava principalmente quando estava muito nervosa e que eu queria tentar acabar com as manchas. PRA QUE?! A mulher me pediu pra tirar a blusa e eu tirei, morrendo de vergonha. No mesmo instante ela começou a brigar comigo, GRITANDO dizendo que eu sou louca e puxando a minha calça pra baixo pra ver se eu tinha mais manchas. Disse que eu era doente mental e que eu devia estar internada. (É obvio que eu me senti completamente humilhada e só fui procurar um médico novamente em 2010).
A falta de estudo sobre essa doença aqui no Brasil faz com que muitos médicos não entendam o cuidado que devem ter com os pacientes. Em 2010 eu fui até a Bh fazer tratamento com um médico bem louquinho mas que pelo menos se aproximou do que eu tinha. Ele foi o primeiro a me fazer procurar sobre a doença e que me fez descobrir o nome Dermatilomania.
Inicialmente o meu diagnóstico era de dermatite factícia. Nessa época eu fiz vários pillings que fizeram minha pele do braço e costas melhorarem consideravelmente. Notei que enquanto estava em tratamento, eu não cutucava a minha pele, foi uma época boa.
Infelizmente, no final de 2010 o meu namorado terminou comigo e eu fiquei arrasada. Acabei jogando pelo ralo uma fortuna em tratamento. Até hoje a minha pele não se recuperou dessa época e só agora eu estou voltando com as esperanças.
Coisas que me ajudaram ficar um tempo maior sem me machucar:
- Enquanto eu estava em tratamento, como eu ia ao médico toda semana, eu conseguia me controlar por longo período.
- Quando eu coloquei unha de gel, eu não CONSEGUIA coçar. Pena que ela quebrou e eu não achei local na minha cidade que faça.
- Academia também diminui ansiedade um pouco