sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

O inicio



Boa tarde!

     Venho aqui falar sobre a minha luta diária com a minha doença : Dermatilomania.

    Poxa!  Poucos entendem o quanto foi difícil arrumar um nome para a minha “loucura”,  imagine também a dificuldade para assumir que era uma doença SIM e que necessitava de tratamento e de cuidados.

    Foi através de muita pesquisa no poderoso Google  que eu pude ver um padrão no que eu fazia e como era comum, porém pouco estudo. 

Vamos lá, vou explicar “colar” pra vocês os apanhados da internet sobre o assunto:

A Dermatotilexomania ou Dermatilomania (dermato = pele, tillexis = picar algo, mania = preocupação obsessiva com algo) é uma compulsão caracterizada pela vontade de causar ou, geralmente, agravar lesões da própria pele.
dlaug e Grant sugerem que dermatilomania é mais um transtorno de abuso-próprio que TOC. Estes discutem que dermatilomania distingue-se de TOC nas maneiras fundamentais seguintes: - Maior parte das pessoas que sofrem com dermatilomania são do sexo feminino; - Dermatilomania pode ser herditário, ao contrário de TOC;
Odlaug e Grant reconhecem que há similaridades entre indivídos com dermatilomania e pacientes com vícios: - A compulsão de começar este acto pelo lado negativo mesmo com noção das consequências; - Falta de controle sobre o comportamento problemático; - Um forte desejo para começar o ato; - Sentir prazer enquanto o comportamento decorre ou um sentimento de alívio ou redução de anxiedade depois de o comportamento ter sido realizado;. (Wikpédia)
Dermatilomania é um transtorno que pode ser classificado como uma “compulsão ou dificuldade de resistir ao impulso de causar ou agravar lesões à própria pele (coçar, arranhar, picar), usando para tal as unhas ou outros objetos. O transtorno é caracterizado pela repetição crônica de coçar, tocar, cutucar, arranhar, furar ou escoriar determinadas regiões da pele, de modo tão intensivo ou repetitivo que acaba provocando o aparecimento de feridas, cicatrizes ou mudanças na pigmentação da pele. (DematilomaniaBrasil)

Sobre mim

Vou começar o meu diário contando a minha história para contextualizar o que virá a seguir.

Quando começou?

    É estranho dizer isso, mas eu lembro exatamente como começou. 
   Eu estava na praia com a minha mãe quando ela, inocentemente, encontrou “bolinhas” no meu braço que estouravam como mini espinhas. Ela começou a espremer essas  bolinhas sem saber o mal que isso me causaria no futuro. 
   Lembro que naquela tarde passei o dia analisando, espremendo, arranhando e cavucando o meu braço. Era prazeroso e dava uma ideia de “limpeza” da pele (sim, eu achava que aquelas bolinhas eram “erradas” e deveriam sair de lá). Não demorou para se tornar um vício, que inicialmente era uma maravilha.
     Não  era dor que eu sentia ao “cavucar”, era puro prazer. Imagino que todos  já tiveram aqueles  longos banhos quentes, que lavam o corpo e a alma, desestressam e levam a imaginação a lugares distantes (foram muitas as vezes em que peguei o shampoo  como se fosse um Oscar), era  exatamente assim os meus momentos reservados  ao meu corpo.   
    Até hoje acho pesado quando tratam isso como uma automutilação , pois a intenção nunca foi de punição, a palavra certa seria purificação.
    É claro que minha mãe tentou me alertar para os problemas futuros, dizendo que eu ficaria com marcas, mas pra mim era bobagem. Ora, eu machucava e depois cicatrizava. Qual  o problema que isso tem?
      Acontece que depois de um tempo o vicio era tanto que  eu não dava espaço para cicatrizar, os machucados ficaram cada vez mais profundos e as marcas cada vez maiores.
Na adolescência, eu ainda não enxergava como doença,  dá pra acreditar?  Tá  que eu sabia que não era “normal” ,mas tanta gente tem espinha e tudo mais. Eu tentava acreditar que era uma fase e que as bolinhas iam sumir com o tempo, junto com meu vício.
    Porém, ainda na adolescência, o interesse por meninos me fez querer esconder esse meu defeito de qualquer jeito. Comecei a usar blusas de manga, seja qual  fosse a temperatura  do dia.
   Usar blusa de frio no verão era como uma tortura e com o tempo foi surgindo a necessidade de deixar um pouco de lado o meu  braço, afinal os machucados precisavam cicatrizar em algum momento.  Meus pais e irmãos, os únicos que sabiam do problema, me aconselharam: substitua o vício. Pareceu uma ideia muito boa, mas foi só mais um incentivo para que eu procurasse novas áreas do meu corpo para “explorar”. A partir disso, a mania se espalhou pelo  corpo ; braço, costas, genitálias, pernas, todos possuem grandes marcas da minha “vergonha”.
   É obvio que essa é  uma doença  que afeta diretamente a autoestima e as relações sociais e por isso é muitas vezes acompanhada depressão (não é o meu caso). Infelizmente sou privada de ir para a praia, usar  shorts, mas não me privei de uma vida social saudável.

Amanhã mais sobre a minha relação com as pessoas e como elas interpretam a doença. Tenho muito o que contar!