Boa tarde!
Venho aqui falar sobre a minha
luta diária com a minha doença : Dermatilomania.
Poxa! Poucos entendem o quanto foi difícil arrumar
um nome para a minha “loucura”, imagine
também a dificuldade para assumir que era uma doença SIM e que necessitava de
tratamento e de cuidados.
Foi através de muita pesquisa no
poderoso Google que eu pude ver um
padrão no que eu fazia e como era comum, porém pouco estudo.
Vamos lá, vou explicar “colar”
pra vocês os apanhados da internet sobre o assunto:
A Dermatotilexomania ou Dermatilomania
(dermato = pele,
tillexis = picar algo, mania = preocupação obsessiva com algo) é uma compulsão
caracterizada pela vontade de causar ou, geralmente, agravar lesões da própria pele.
dlaug e Grant sugerem que
dermatilomania é mais um transtorno de abuso-próprio que TOC. Estes discutem
que dermatilomania distingue-se de TOC nas maneiras fundamentais seguintes: -
Maior parte das pessoas que sofrem com dermatilomania são do sexo feminino; -
Dermatilomania pode ser herditário, ao contrário de TOC;
Odlaug e Grant reconhecem que há
similaridades entre indivídos com dermatilomania e pacientes com vícios: - A
compulsão de começar este acto pelo lado negativo mesmo com noção das
consequências; - Falta de controle sobre o comportamento problemático; - Um
forte desejo para começar o ato; - Sentir prazer enquanto o comportamento decorre
ou um sentimento de alívio ou redução de anxiedade depois de o comportamento
ter sido realizado;. (Wikpédia)
Dermatilomania é um transtorno
que pode ser classificado como uma “compulsão ou dificuldade de resistir ao
impulso de causar ou agravar lesões à própria pele (coçar, arranhar, picar),
usando para tal as unhas ou outros objetos. O transtorno é caracterizado pela
repetição crônica de coçar, tocar, cutucar, arranhar, furar ou escoriar
determinadas regiões da pele, de modo tão intensivo ou repetitivo que acaba
provocando o aparecimento de feridas, cicatrizes ou mudanças na pigmentação da
pele. (DematilomaniaBrasil)
Sobre mim
Vou começar o meu diário contando
a minha história para contextualizar o que virá a seguir.
Quando começou?
É estranho dizer isso, mas eu lembro
exatamente como começou.
Eu estava na praia com a minha mãe quando ela,
inocentemente, encontrou “bolinhas” no meu braço que estouravam como mini
espinhas. Ela começou a espremer essas
bolinhas sem saber o mal que isso me causaria no futuro.
Lembro que
naquela tarde passei o dia analisando, espremendo, arranhando e cavucando o meu
braço. Era prazeroso e dava uma ideia de “limpeza” da pele (sim, eu achava
que aquelas bolinhas eram “erradas” e deveriam sair de lá). Não demorou para se
tornar um vício, que inicialmente era uma maravilha.
Não era dor que eu sentia ao “cavucar”, era puro prazer. Imagino que todos já tiveram aqueles longos banhos quentes, que lavam o corpo e a alma, desestressam e levam a imaginação a lugares distantes (foram muitas as vezes em que peguei o shampoo como se fosse um Oscar), era exatamente assim os meus momentos reservados ao meu corpo.
Não era dor que eu sentia ao “cavucar”, era puro prazer. Imagino que todos já tiveram aqueles longos banhos quentes, que lavam o corpo e a alma, desestressam e levam a imaginação a lugares distantes (foram muitas as vezes em que peguei o shampoo como se fosse um Oscar), era exatamente assim os meus momentos reservados ao meu corpo.
Até hoje acho pesado quando
tratam isso como uma automutilação , pois a intenção nunca foi de punição, a
palavra certa seria purificação.
É claro que minha mãe tentou me
alertar para os problemas futuros, dizendo que eu ficaria com marcas, mas pra
mim era bobagem. Ora, eu machucava e depois cicatrizava. Qual o problema que isso tem?
Acontece que depois
de um tempo o vicio era tanto que eu não
dava espaço para cicatrizar, os machucados ficaram cada vez mais profundos e as
marcas cada vez maiores.
Na adolescência, eu ainda não enxergava
como doença, dá pra acreditar? Tá que
eu sabia que não era “normal” ,mas tanta gente tem espinha e tudo mais. Eu
tentava acreditar que era uma fase e que as bolinhas iam sumir com o tempo,
junto com meu vício.
Porém, ainda na adolescência, o
interesse por meninos me fez querer esconder esse meu defeito de qualquer
jeito. Comecei a usar blusas de manga, seja qual fosse a temperatura do dia.
Usar blusa de frio no verão era
como uma tortura e com o tempo foi surgindo a necessidade de deixar um pouco de
lado o meu braço, afinal os machucados
precisavam cicatrizar em algum momento.
Meus pais e irmãos, os únicos que sabiam do problema, me aconselharam:
substitua o vício. Pareceu uma ideia muito boa, mas foi só mais um incentivo
para que eu procurasse novas áreas do meu corpo para “explorar”. A partir disso,
a mania se espalhou pelo corpo ; braço,
costas, genitálias, pernas, todos possuem grandes marcas da minha “vergonha”.
É obvio que essa é uma doença
que afeta diretamente a autoestima e as relações sociais e por isso é muitas vezes acompanhada depressão (não é o meu caso). Infelizmente
sou privada de ir para a praia, usar
shorts, mas não me privei de uma vida social saudável.
Amanhã mais sobre a minha relação com as pessoas e como elas interpretam a doença. Tenho muito o que contar!